sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A RÃ DO POÇO - ILAN BRENMAN

A RÃ DO POÇO
ILAN BERNMAN
Tal história é encontrada em diversas compilações de contos indianos, e alguns relatam que o grande mestre Ramakrishna a contou a seus discípulos:
No período das moções, com as fortes e persistentes chuvas, uma cidade próxima ao sagrado rio Ganges foi toda alagada: as ruas, os mercados e as casas. Quando a chuva cessou e as águas começaram a baixar, um pequeno girino foi parar no poço de um pequeno casebre.
O girino cresceu e viveu por toda a vida em tal poço. Ao tornar-se uma rã, não se lembrava mais de onde tinha vindo; sua realidade agora era aquele lugar seguro e acolhedor.
     Certa manhã, uma rã estrangeira ouviu um som vindo do poço e resolveu averiguar:
       - Olá, tem alguém aí? – perguntou a rã estrangeira.
     A rã do poço tirou rapidamente a cabeça de dentro da água e gritou:
       - Sim, estou aqui! Quem é você?
    - Sou uma rã, assim como você? – respondeu a estrangeira.
      Curiosa, a rã do poço perguntou:
      - E de onde você vem?
      - Venho de Calcutá.
       - E essa tal Calcutá é grande?
       A estrangeira esboçou um sorriso e respondeu.:
       - Imensa, gigantesca, colossal!
A rã do poço não gostou de ouvir aquilo e perguntou:
- Ela é maior do que isto?! – e se esticou o mais que podia.
A estrangeira não agüentou e gargalhou:
- Minha irmã, muito maior do que isso!
A rã do poço começou a ficar furiosa e perguntou:
- Calcutá é maior do que o meu poço?
         A estrangeira, que agora não parava de rir, respondeu:
         - Infinitamente maior do que o seu poço!
         A rã do poço, tomada pela fúria, respondeu:
   - Nada pode ser maior do que o meu poço, sua mentirosa!!! Vá embora, não a quero mais por perto!
        A estrangeira se afastou e a rã do poço continuou a viver no seu amado e tranquilo lar até a morte.
         O sábio que relatou esta história disse, ao seu final:

        - assim são os homens: pensam que aquilo que não vêem não existe.
fim

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