“A Pupila do Dragão”
Conto
Chinês
Um
certo dia, Chiang visitou um famoso templo chamado Anlo Shih. O abade daquele
templo, reconhecendo Chiang e já sabendo de sua fama, pediu que pintasse alguns
murais para melhorar a aparência do templo e os visitantes se sentiriam mais
atraídos pelo lugar.
Em
princípio, Chiang estava relutante em aceitar tal trabalho, mas o abade
persistia tanto e o eleogiava tanto, que Chiang finalmente concordou em
fazê-lo.
Ele
estudou minuciosamente as paredes do hall principal do templo e pintou um
grande dragão em cada uma delas. Quando o trabalho havia terminado, os dragões
pareciam tão reais que quem olhasse tinha a nítida impressão de que eles
estavam realmente vivos. Seus focinhos abertos, chama e fumaça saiam de suas
narinas, e parecia que com um grande grito, todos eles deixariam as paredes e
ascenderiam aos céus. Todos os turistas e visitantes que por ali passavam,
paravam para admirar tal arte, mas parecia que algo estava faltando. Parecia
que Chiang havia se esquecido de pintar as pupilas dos dragões!
Então,
as pessoas pediram que Chiang viesse completar a pintura, para que os dragões
estivessem maravilhosamente completos em cada detalhe. Mas, para a surpresa de
todos, Chiang negou o pedido e disse:
- Não
é que eu esteja negando o seu pedido, a realidade é que se eu pintar as pupilas
dos dragões, eles imediatamente sairão das paredes e ascenderão aos céus.
E
aconteceu que não houve nem mesmo tempo suficiente para que o abade e os
visitantes apreciassem o término do trabalho do artista. No momento em que os
olhos do primeiro dragão foram pintados, aqueles mesmos olhos se moveram e o
céu escureceu. Um grande trovão soou e o hall brilhou com a grande chama que
saiu de suas narinas. O dragão saiu da parede e ascendeu às nuvens,
desaparecendo na imensidão dos céus!
Os
outros três dragões, sem suas pupilas pintadas, permaneciam imóveis e
silenciosos nas outras paredes. E não houve mais um pedido sequer para que se
pintasse as pupilas deles.
“Qualquer
que seja a criação, esta se define em um único ponto central. Uma vez alcançado
o ponto, a criação ganha vida.”
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