LENDA DO PÉ DO DIABO
19 de abril de 2014
- Vitória
Vários
santos deixaram fixado nas pedras a marca de seus pés. Talvez a mais antiga
lenda a tal respeito seja a de Sumé – nome por que era conhecido, entre os
indígenas, o apóstolo São Tomé, que veio do Oriente a pé, atravessando os
próprios mares, pregar os Evangelhos entre os índios, e aos quais ensinou a
cultura de várias plantas, bem como o fabrico do vinho e da farinha de
mandioca.
Desse
santo varão, segundo a lenda, ficaram gravados em pedra vestígios dos seus pés,
no lugar denominado Gurjaú de Baixo, sete léguas distante de Recife, conforme o
refere Frei Jaboatão.
Mais
freqüente que as pegadas ou sinais de Deus, da Virgem e dos santos são as
marcas que o Diabo deixou nas terras por onde perambulou matreiro.
No
Espírito Santo, ou mais precisamente em Vitória, na estrada do Contorno, no
local chamado Inhanguetá, se encontra, em pedra rasa, a prova de que por aqui
também andou o Diabo.
A
lenda capixaba do Pé do Diabo ou da Pedra do Diabo pode ser assim resumida: em
Inhanguetá (ou Nhanguetá, nome que, só por si, já faz lembrar o Diabo) viveu
outrora um homem muito rico, avarento e mau que, para aumentar suas
propriedades, ia se apossando, deslealmente, das terras alheias. Talvez por
castigo do céu, terrível praga lhe foi assolando e destruindo a fazenda, e ele
começou a empobrecer. Foi quando o Diabo lhe apareceu e com ele firmou um pacto
terrível: à meia-noite de uma sexta-feira pré-fixada o homem lhe entregaria o
próprio filho. Isto se daria em local próximo à fazenda e, em troca, o Diabo
lhe aumentaria as posses e a fortuna. A mulher do fazendeiro teve conhecimento
do ajuste e, devota de Santo Antônio, a este pediu, em orações, que salvasse o
filho. À meia-noite do dia aprazado, o homem levou o filho ao lugar que
ajustara – uma pedra rasa – e ali o deixou sozinho, afastando-se rápido. O
Diabo logo aparece e tenta carregar o moço. Foi quando lhe surge pela frente
Santo Antônio que, riscando uma cruz na pedra – com um chicote, dizem algumas
versões – valentemente acomete o Demo. Este, em pouco, vencido, some-se na
escuridão da noite. Na superfície da pedra ficaram as marcas dessa luta: a cruz
e as pegadas do santo e do Diabo, a deste bem maior.
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