segunda-feira, 25 de maio de 2020

LUIZ CORONEL - O VASO DE OURO


O VASO DE OURO
publicado por Roberto Cohen em 17/12/ 2002.
Fonte: Livro "O cavalo verde", de Luiz Coronel. Editora Mecenas, 2002.
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- Mas que tal, tchê? E as Exposições, muita festa e coisa e tal?
- Bicho velho, nem te conto. Numa noite me enfezei com umas muchachas e saí a la gandaia. Terminei numa casa de tais requintes, que quando fui soltar as virilhas o vaso era de ouro. Ouro maciço, Elpídio. Até me deu um constrangimento.
- Manoelito, menos, por favor. Não te retruco, nem te contradigo, mas vamos botar esse vaso de ouro por conta dos tragos, mano velho.
- Tchê, tu sabes, se há uma coisa que me embrulha a alma e arrepia os pêlos é duvidarem de mim. Vamos apostar? A gente vai junto à capital. Mijamos no vaso de ouro, escolho um cavalo crioulo dos teus e, afora isso, uma garrafa de Ballantines. Não mijamos, babaus, o ganho é teu.
CAVALO CRIOULO SANGUE GAÚCHO - YouTube
E o rebanho dos dias entrando no corredor das semanas. Um dia, desses que aparecem pendurados nas folhinhas, lá estavam o Elpídio e o Manoelito no Hotel Umbu. O nome já era uma garantia contra os raios. E saíram pela noite, os alarifes.
Um uísque, aqui não é. Um acepipe e dois uísques, também não. E vamos em frente, que casa noturna é o que não falta. E, afinal de contas, a noite é uma criança.
Lá pelas três da madruga, entraram numa espelunca onde a música deflorava os tímpanos e refestelava as pinguanchas.
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Mas foi o Manoelito botar o pé no salão, que veio o grito desaforado de um tal de Manchinha, cantor da banda fuzarqueira:
- Mutuca, Mutuca, olha o cuera que mijou no teu trambone.
Glissando Fotografias, Glissando Imagens Royalty Free | Depositphotos®
E foi aquele pega pra capar. Voltaram contritos para Dom Pedrito. Até hoje ninguém sabe quem pagou quem. Agora, é freqüente ver os dois comparsas, sentados, numa cadeira de rua, tomando umas que outras de Ballantines.
Fugindo do Inferno (1963) • filmes.film-cine.com

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