A
LENDA DA ILHA DO SAPO
JAIR SANTOS
EDITOR: MORRO DO MORENO - PUBLICADA: 27/09/2012
Ilha
do Sapo - Foto: Walter de Aguiar Filho, outubro/2011
Relacionada com a origem do nome da Praia da Sereia,
na Praia da Costa. Conto que ouvi uma única vez, quando ainda jovem, teria
talvez meus dez anos; e tinha como personagem, um velho pescador chamado João
Rita, que morava ali mesmo, na Praia da Costa. Este pescador João Rita, existiu
e era conhecido de quase todos os moradores de Vila Velha, nas décadas de 1930/
1940.
João Rita era muito pobre, mas alegre e gostava de
conversar com qualquer pessoa. Palrador que nem papagaio, especialmente com
senhoras e crianças. Sua casa era baixinha, sobre a areia da praia. Para
adentrá-la deveria abaixar-se. Suas paredes eram feitas com ramagens da mata de
restinga fincados no chão e amarradas nas varas horizontais. Não tinha divisão
interna, era de um cômodo só e a cobertura era de palha de coqueiro ou de
palmeira.
João Rita era um pescador profissional e costumava
pescar de todo jeito e em qualquer lugar. Nos dias chuvosos ou de mar revolto,
se limitava ao exame do tresmalho sempre armado ao lado de sua casinha, onde
existiu um trampolim de concreto armado para divertimento da rapaziada antiga.
Pescava muito em alto-mar e nas pedras adjacentes.
Dizem, que, um dia, João Rita apaixonou-
-se por uma bonita garoupa que morava numa loca da Ilha do Sapo – uma
daquelas que compõem o arquipélago próximo. Foi quando ele viu lá no horizonte
uma nuvem escura se aproximando devagar. Ele não procurou abrigo, preferiu
ficar ali curtindo sua amada. A nuvem ficou enorme, chegando lentamente,
envolveu os dois e os levou para o alto, na direção do Convento da Penha para
lá se casar. E lá ficaram... Nunca mais se teve notícias de João Rita.
Dizem que, algum tempo depois apareceu, naquele
recanto da Ilha do Sapo, uma Sereia, onde nas noites de lua cantava as mais
lindas canções. Coisa que se repetiu durante anos.
Nota: Na primeira edição do livro “Vila Velha – Onde
Começou o Estado do Espírito Santo”, cito o pintor de paredes Lúcio Bacelar,
como perenizador do nome dado à Praia da Sereia, quando em 1930 pintou, na
parede da fachada da sua quitanda, a figura de uma linda sereia. Sinal que ele
também ouviu a lenda acima descrita.
Fonte: Vila Velha – Onde
Começou o Estado do Espírito Santo, 2ª edição. 2011.
Autor: Jair Santos
Compilação e fotos: Walter
de Aguiar Filho, outubro/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário