terça-feira, 27 de junho de 2017

ANÔNIMO - LENDA DO AÇAÍ

LENDA DO AÇAÍ

FOLCLORE
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Conta a Lenda que há muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma tribo indígena muito grande. Como os alimentos eram insuficientes, tornava-se muito difícil conseguir comida para todos os índios da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional de sua tribo. Até que um dia a filha do cacique, chamada Iaçã, deu à luz uma bonita menina, que também teve de ser sacrificada. Iaçã ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades de sua filhinha. Ficou por vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício das crianças. Certa noite de lua Iaçã ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao pé de uma palmeira. Inicialmente ficou parada, mas logo depois, lançou-se em direção à filha, abraçando - a . Porém misteriosamente sua filha desapareceu. Iaçã, inconsolável, chorou muito até desfalecer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros. Itaki então mandou que apanhassem os frutos, deles foi obtido um suco avermelhado que batizou de AÇAÍ, em homenagem a sua filha (Iaçã invertido). Alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.

domingo, 25 de junho de 2017

JAIR SANTOS - A LENDA DA ILHA DO SAPO

A LENDA DA ILHA DO SAPO
JAIR SANTOS
EDITOR: MORRO DO MORENO - PUBLICADA: 27/09/2012
ILHA DO SAPO, PRAIA DA COSTA, VILA VELHA, ES
Ilha do Sapo - Foto: Walter de Aguiar Filho, outubro/2011
Relacionada com a origem do nome da Praia da Sereia, na Praia da Costa. Conto que ouvi uma única vez, quando ainda jovem, teria talvez meus dez anos; e tinha como personagem, um velho pescador chamado João Rita, que morava ali mesmo, na Praia da Costa. Este pescador João Rita, existiu e era conhecido de quase todos os moradores de Vila Velha, nas décadas de 1930/ 1940.
João Rita era muito pobre, mas alegre e gostava de conversar com qualquer pessoa. Palrador que nem papagaio, especialmente com senhoras e crianças. Sua casa era baixinha, sobre a areia da praia. Para adentrá-la deveria abaixar-se. Suas paredes eram feitas com ramagens da mata de restinga fincados no chão e amarradas nas varas horizontais. Não tinha divisão interna, era de um cômodo só e a cobertura era de palha de coqueiro ou de palmeira.
João Rita era um pescador profissional e costumava pescar de todo jeito e em qualquer lugar. Nos dias chuvosos ou de mar revolto, se limitava ao exame do tresmalho sempre armado ao lado de sua casinha, onde existiu um trampolim de concreto armado para divertimento da rapaziada antiga.
Pescava muito em alto-mar e nas pedras adjacentes. Dizem, que, um dia, João Rita apaixonou-  -se por uma bonita garoupa que morava numa loca da Ilha do Sapo – uma daquelas que compõem o arquipélago próximo. Foi quando ele viu lá no horizonte uma nuvem escura se aproximando devagar. Ele não procurou abrigo, preferiu ficar ali curtindo sua amada. A nuvem ficou enorme, chegando lentamente, envolveu os dois e os levou para o alto, na direção do Convento da Penha para lá se casar. E lá ficaram... Nunca mais se teve notícias de João Rita.
Dizem que, algum tempo depois apareceu, naquele recanto da Ilha do Sapo, uma Sereia, onde nas noites de lua cantava as mais lindas canções. Coisa que se repetiu durante anos.
Por isso, aquele recanto da Praia da Costa ganhou o nome de Praia da Sereia.
Nota: Na primeira edição do livro “Vila Velha – Onde Começou o Estado do Espírito Santo”, cito o pintor de paredes Lúcio Bacelar, como perenizador do nome dado à Praia da Sereia, quando em 1930 pintou, na parede da fachada da sua quitanda, a figura de uma linda sereia. Sinal que ele também ouviu a lenda acima descrita. 
 
Fonte: Vila Velha – Onde Começou o Estado do Espírito Santo, 2ª edição. 2011.
Autor: Jair Santos
Compilação e fotos: Walter de Aguiar Filho, outubro/2011

domingo, 11 de junho de 2017

LENDA HINDU - O FIO DA ARANHA

O FIO DA ARANHA
LENDA HINDU
Kandata, o facínora, tendo expirado sem mostras de arrependimento, foi pela imutável Justiça atirado à região sombria dos eternos suplícios.
Durante muitos séculos suportou indiferente os tormentos do inferno. Um dia, porém, o seu coração empedernido foi tocado por um tênue raio de luz de arrependimento. Ajoelhou-se e implorou, em prece fervorosa, a proteção e misericórdia do senhor da Compaixão².
No mesmo instante, surgiu-lhe a figura radiosa de um anjo, que lhe disse:
- O Senhor da Compaixão ouviu a prece humilde que acabas de proferir. E aqui estou para salvar-te dos castigos tenebrosos do inferno. Ó Kandata!, no decorrer das tuas vidas anteriores, houve algum dia em que tivesses assistido a uma boa ação tua, por menor que fosse? Ela te ajudaria, agora, livrando-te dos tormentos que, sem tréguas, te afligirão. Mas nunca esperes ver cessados os sofrimentos atuais, consequência do teu passado, se conservares ainda sentimentos de egoísmo e se tua alma guardar ainda a impureza da vaidade, da luxúria e da inveja. Dize-me, ó Kandata!, se queres sair daqui, qual foi, acaso, o ato de bondade que em vida praticaste?
- Pelo Deus de Misericórdia! Exclamou Kandata, cheio de profunda humildade e tristeza – jamais pratiquei em minha vida passada qualquer ato digno ou louvável. A minha existência foi um rosário interminável de crimes e infâmias de toda a espécie!
- Kandata! – continuou o anjo. – Procura rememorar miudamente todas as ações do teu negro passado! Basta um ato verdadeiramente bom de tua parte, um só, para que obtenhas o perdão de Deus! Alguma vez socorreste com a esmola o desprotegido da sorte?
Imagem relacionada- Nunca!
- Algum dia – prosseguiu o anjo – tiveste uma palavra de consolo ou de bondade para os aflitos e desesperados?
- Nunca!
- Não te moveram, uma só vez, a piedade, os enfermos, nem dispensaste qualquer proteção aos fracos e infelizes?
- Nunca! – soluçava Kandata, com o desespero dos arrependidos.
- E para com os animais, nossos irmãos inferiores? – insistiu ainda o anjo. – trataste com crueza, impiedosamente todos os seres fracos do mundo?
- Deus seja louvado! – exclamou Kandata. – Lembro-me de que, certa vez, ao atravessar um bosque, vi uma pequenina aranha que procurava esconder-se sob a relva. “Não pisarei esta pobre aranha”, pensei, “porque é fraca e inofensiva”. Desviei o passo, a fim de poupar a vida ao mísero e tímido animalzinho. Teria sido esta uma ação agradável aos olhos do Criador?
- Feliz que és Kandata – respondeu o anjo. – Esse pequeno ato de bondade que acabas de recordar é, sem dúvida, suficiente para salvar-te do inferno, e é a própria aranha do bosque que, em breve, te proporcionará – pela vontade divina – o meio único de salvação. Da altura infinita do céu, a aranhazinha vai lançar-te um fio; por ele poderás subir até ao seio do Onipotente!
E, isto dizendo, o anjo desapareceu.
Quase no mesmo instante viu Kandata, com grande assombro, que um fio de aranha descia das alturas divinas até ao fundo do abismo negro que o torturava. Aquele fio, de enganadora fraqueza, representava para ele a salvação, a tão sonhada ventura! Estaria, para sempre, livre dos suplícios indizíveis do inferno!

Sem hesitar, Kandata agarrou-se a ele e começou a subir. Sentiu desde logo que o fio – pela vontade do Onipotente – era forte e lhe sustentava perfeitamente o peso do corpo, que balançava no espaço.
De repente, porém, em meio da escalada, lembrou-se o bandido de olhar para baixo e notou q2ue os seus companheiros de infortúnio procuravam também, à porfia, salvar-se da região dos tormentos, subindo pelo mesmo fio.
Com certeza não poderá tão delgado fiozinho suportar o peso dessa gente toda – pensou Kandata apavorado.
E, instigado pelo terrível egoísmo, desejando apenas a própria liberdade – sem lhe importar a desgraça alheia – gritou para os infelizes que já se agarravam, penca infernal, ao fio salvador:
- Larguem, miseráveis! Larguem, que esse fio é só meu!
No mesmo instante partia-se o fio da aranha e Kandata era para sempre restituído às profundezas em que tanto tempo sofrera tão duros castigos.
O fio salvador, forte bastante para levar ao céu milhares de criaturas arrependidas de seus crimes, rompera-se ao sofrer o peso do egoísmo que a maldade insinuara num coração.
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sexta-feira, 9 de junho de 2017

MARCELO COELHO - O PATINHO BONITO

O PATINHO BONITO
MARCELO COELHO


Resultado de imagem para o patinho bonitoEra uma vez um pato chamado Milton. Sei que Milton não é nome de pato. Mas já vai saber por que ele se chama assim. Quando ele nasceu, todos tiveram a maior surpresa. Aliás, não foi quando ele nasceu, foi quando viram o ovo de onde ele nasceria.Não era ovo de pato comum. Era meio azulado e brilhante. A casca era meio azul. Os pais de Milton, quando viram o ovo no ninho, foram logo perguntando:
- Mas o que é que esse ovo está fazendo aqui? - Isso não é ovo de pato.
Ouve uma grande discussão. E acharam melhor esperar para ver o que acontecia.
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Um dia a casca se quebrou e de lá saiu um lindo patinho. Era azul? Não, não era. Era um patinho normal. Só que muito mais bonito do que os outros, e os patos sabiam disso. Acharam o patinho tão bonito que resolveram que não era justo dar para ele um nome qualquer. Ele era diferente. Era mais bonito. Como é que poderia ter um nome comum, como “Quá-Quá” ou “Quem-Quem”? A mãe então decidiu que se chamaria Milton.
Todos acharam muito estranho, mas acabaram concordando, que um patinho tão bonito merecia um nome especial.
O tempo foi passando e Milton era o patinho mais bonito da escola.. Todos olhavam para ele e diziam: “como ele é bonito!” ele se olhava no espelho e dizia: “como eu sou bonito!” e ficava pensando: “ sou tão bonito que talvez eu nem seja um pato de verdade. Tenho até um nome diferente. Meu ovo era azul. Eu me chamo Milton. Quem sabe eu sou gente?”
Resultado de imagem para o patinho bonitoE Milton começou a ficar meio besta. Diziam: “Milton, vem nadar!” ele respondia: “eu não. Pensam que sou pato como vocês?” todos os patos começaram a achar o Milton meio chato. Ele foi ficando sozinho. E dizia: “não faz mal. Sou mais bonito. Vou terminar na televisão. Vou ser o maior galã.”
Uma noite Milton resolveu fugir de casa. Foi até a cidade para tentar entrar na televisão. Chegando lá foi logo dizendo: “Eu me chamo Milton. Além de bonito, tenho jeito para ser ator de novela”. Juntou gente em volta. - Hi! Não enche! Você está é fantasiado de pato!- disse alguém.
- Mas você não ver que eu sou um pato de verdade?Se eu tivesse usando roupa de pato, eu seria da sua altura. Mas eu sou baixinho como um pato! Como um pato de verdade!
- Então como é que você sabe falar?
- Mas os patos falam! - disse Milton, quase chorando.
- Não vem com essa, ô malandro - disse um guarda que estava ali por perto. Você é um pato mecânico. E o guarda foi logo agarrando o Milton para arrancar a cabeça e ver o que tinha dentro.
Resultado de imagem para o patinho bonito- Me larga! Me larga! - gritava Milton. – eu sou um pato!Um pato de verdade! Sou um PATO! Um PATOOOOOO...
De repente Milton teve um estremeção. Abriu os olhos e viu que estava em casa. Ele tinha sonhado. E agradeceu dizendo: “puxa, ainda bem que sou um pato como todos os outros! Ainda bem!