segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

ANÔNIMO - A GATA E O SÁBIO

A GATA E O SÁBIO
CONTO ÁRABE
O sábio de Bechemezzinn (aldeia situada no norte do Líbano) era muito rico. Dedicava o melhor do seu tempo ao estudo e a tratar os doentes que o procuravam. A sua fortuna permitia-lhe socorrer os infelizes e todas as pessoas diziam que ele era a dedicação em pessoa.
Homem piedoso e reto, a  injustiça  causava--lhe revolta. Muitas pessoas vinham consultá-lo quando tinham alguma divergência com vizinhos ou parentes. O sábio dava os melhores conselhos e desempenhava muitas vezes o papel de mediador.
Tinha uma gata a quem se dedicava particularmente. Todos os dias, depois do jantar, ela miava para chamar o dono. O sábio a acariciava e levava para o jardim, onde ambos passeavam até ao pôr-do-sol. Ela era a sua única confidente, diziam os criados.
A gata dirigia-se muitas vezes à cozinha, onde era bem recebida. O cozinheiro não escondia nem a carne nem o peixe, porque ela nada roubava, fosse cru ou cozido, contentando-se com o que lhe davam.
Ora, uma tarde, depois do passeio diário, a gata roubou furtivamente um pedaço de carne de uma panela. Tendo-a surpreendido, o cozinheiro castigou-a puxando-lhe severamente as orelhas. Vexada, a gata fugiu e não apareceu mais durante toda a noite.
Intrigado, o sábio perguntou por ela na manhã seguinte. O cozinheiro contou-lhe o que se passara. O sábio saiu para o jardim e durante muito tempo chamou a gata, que acabou por aparecer.
- Porque roubou a carne? – perguntou o sábio.
- O cozinheiro não te dá comida?
A gata que tinha parido sem que ninguém soubesse, afastou-se sem responder e voltou seguida de três lindos gatinhos. Depois, fugiu e trepou na figueira do jardim. O sábio pegou os três gatinhos e entregou-os ao cozinheiro que, ao vê-los, mostrou uma grande admiração.




Image result for gata em cima da árvore- A gata não roubou comida a pensar nela – declarou o sábio. – O seu gesto foi ditado pela necessidade. Portanto, não é de condenar. Para alimentar os filhos, qualquer ser, mesmo mais frágil do que um mosquito, roubaria um pedaço de carne nas barbas de um leão. A gata limitou-se a seguir o que lhe ditava o seu amor maternal. A conduta dela nada tem de repreensível. O pobre animal está a sofrer por a teres castigado injustamente. Fugiu para a figueira porque está zangada contigo. Deves ir lá pedir-lhe  desculpa, para que se acalme e tudo volte ao normal.
O cozinheiro concordou. Tirou o turbante, dirigiu-se à figueira e pediu perdão ao animal. Mas a gata virou a cabeça. O sábio teve de intervir. Conversou longamente com ela e lá conseguiu convencê-la a descer da árvore.
A gata desceu lentamente da figueira, veio a miar roçar-se nas pernas do sábio e foi para junto dos seus três filhotes. 
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MORAL: A gata era fiel ao sábio, porque ele sabia que a confiança é algo  construído e está localizada muito além das aparências.

COELHO, ADOLFO(FOLCLORE DE PORTUGAL) - A FORMIGA E A NEVE


A FORMIGA E A NEVE
FOLCLORE DE PORTUGAL

ADOLFO COELHO


Uma formiga prendeu o pé na neve.
«Oh neve! Tu és tão forte, que o meu pé prendes!»
Responde a neve: «Tão forte sou eu que o sol me derrete.»
«Oh sol! Tu és tão forte que derretes a neve que o meu pé prende!
Responde o sol: «Tão forte sou eu que a parede me impede.
«Oh parede! Tu és tão forte, que impedes o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende.»
Responde a parede: «Tão forte sou eu que o rato me fura.»
«Oh rato! Tu és tão forte que furas a parede que impede o sol, que derrete a neve que o meu pé prende!»
Responde o rato: «Tão forte sou eu que o gato me come.»
«Oh gato! Tu és tão forte que comes o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende.»
Responde o gato: «Tão forte sou eu que o cão me morde.»
«Oh cão! Tu és tão forte que mordes o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!»
Responde o cão: «Tão forte sou eu que o pau me bate.»
«Oh pau! Tu és tão forte, que bates no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, [que derrete a neve,] que o meu pé prende!»
Responde o pau: «Tão forte sou eu, que o lume me queima.»
«Oh lume! Tu és tão forte, que queimas o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!»
Responde o lume: «Tão forte sou eu que a água me apaga.»
«Oh água! Tu és tão forte que apagas o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve que o meu pé prende!»
Responde a água: «Tão forte sou eu que o boi me bebe.»
«Oh boi! Tu és tão forte que bebes a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede que impede o sol, que derrete a neve que o meu pé prende!»
Responde o boi: «Tão forte sou eu que o carniceiro me mata.»
«Oh carniceiro! Tu és tão forte, que matas o boi, que bebe a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!»
Responde o carniceiro: «Tão forte sou eu que a morte me leva.»
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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

BLOG DE MAIRA E CLEICI - LU BU - LENDA CHINESA

LU BU
PESQUISADO: BLOG DE MAIRA E CLEICI
LENDA CHINESA

Lü Bu (nascido em torno de 156d. C, falecido em torno de 199d. C. com aproximadamente 40 anos de idade) foi um militar (chegando a general) e posteriormente um senhor feudal durante a Dinastia Han Oriental na Era dos Três Reinos na China. Lü Bu era um incrível guerreiro, ele era temido, chegando a ser considerado um deus da guerra no campo de batalha. Diz a lenda "Que a mera fala de seu nome poderia fazer até o mais corajoso oficial tremer". Sua alabarda pesava em média 100Kg. Ele tinha uma égua como montaria cujo apelido era Égua Vermelha, que, diz a lenda, podia correr mil léguas em apenas um dia.

VIDA
Os pais de Lü Bu morreram quando ele era ainda pequeno, Lü Bu então foi adotado, mas ele era traiçoeiro, matando seu pai adotivo em troca de muito ouro. Logo se juntou a Dong Zhuo que o tomou como seu filho adotivo. Tal como Lü Bu, Dong Zhuo era muito ambicioso. Dong Zhuo matou o Imperador que ainda era um menino e se auto-proclamou Primeiro-Ministro, os líderes regionais, porém não o aceitavam e se uniram para destronar Dong Zhuo.
Os principais líderes da aliança eram: Yuan Shao (juntamente com seu irmão Yuan Shu),Cao Cao (com seus primos Xiahou Dun e Xiahou Yuan), Sun Jian, Liu Bei (com seus irmãos Guan Yu e Zhang Fei) e Gongsun Zan.
Havia dois portões que cercavam a capital de Luoyang onde Dong Zhuo imperava, o primeiro era o portão de Si Shui que era guardado por Hua Xiong, que foi derrotado rapidamente por Guan Yu quando a derrota parecia eminente.
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LUOYANG

Lü Bu protegia a retaguarda de Dong Zhuo. Contra ele fora mandado o guerreiro Zhang Fei, que tinha fama de poderoso. A luta prosseguiu por um longo tempo sem vantagem para nenhum dos lados. Então Guan Yu se juntou a batalha, mas Lü Bu ainda assim não foi vencido. Foi quando Liu Bei se juntou a batalha para ajudar seus dois irmãos, obrigando assim Lü Bu a recuar.
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ZHANG FEI

Entretanto, a aliança contra Dong Zhuo fracassaria. Devido à imcopetência e falta de decisão de Yuan Shao e a intrigas internas que levaram Yuan Shu a negar suprimentos a Sun Jian, temendo que este ao tomar a capital Luoyang tomaria para si o poder e seria ainda mais poderoso que Dong Zhuo. Lü Bu trairia seu pai adotivo por uma mulher, Diao Chan, que ambos cobiçavam.
Logo depois que matou Dong Zhuo, Lü Bu fora derrotado pelos antigos oficiais do mesmo, que buscavam vingança pela morte de seu mestre. Lü Bu então fugiu da capital Luoyang e procurou refugio com outros governadores.
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DIAO CHAN

Entretanto, a aliança contra Dong Zhuo fracassaria. Devido à incompetência e falta de decisão de Yuan Shao e a intrigas internas que levaram Yuan Shu a negar suprimentos a Sun Jian, temendo que este ao tomar a capital Luoyang tomaria para si o poder e seria ainda mais poderoso que Dong Zhuo. Lü Bu trairia seu pai adotivo por uma mulher, Diao Chan, que ambos cobiçavam.
Logo depois que matou Dong Zhuo, Lü Bu fora derrotado pelos antigos oficiais do mesmo, que buscavam vingança pela morte de seu mestre. Lü Bu então fugiu da capital Luoyang e procurou refugio com outros governadores.
Lü Bu serviu Yuan Shao mas logo foi dispensado, pois não era considerado confiável. Todos conheciam sua fama de traiçoeiro e ao que parece ninguém acreditava nele, sendo exceção Liu Bei que deixou Lü Bu morar com ele no castelo de Xia Pi. A confiança de Liu Bei em Lü Bu, lhe custou caro, pois em certa ocasião, na qual Liu Bei estava fora, Lü Bu roubou-lhe o castelo. Liu Bei então aliou-se com Cao Cao e lutou para reaver seu castelo. Utilizou táticas como usar a água para cercar o castelo e Lü Bu não poder escapar.
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YUAN SHAO

MORTE
Lü Bu era conhecido por estar freqüentemente bêbado, ao ponto de bater em seus próprios soldados, também não ouvia seus estrategistas. Isso fazia os soldados o traírem e ele foi então capturado enquanto dormia por seus próprios soldados. Ele falou à Cao Cao que poderia servi-lo, porém Cao Cao tomou-o por mentiroso e o matou, depois tomando um de seus oficiais Zhang Liao para seu exército. Assim Morreu aquele que é considerado um dos mais poderosos guerreiros da China de sua época.
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CAO CAO

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

QUIROGA, NASSER - DESABAFO NORDESTINO


DESABAFO NORDESTINO!
NASSER QUIROGA
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Pesquisei sobre o autor, mas infelizmente não consegui nenhuma informação, onde nasceu e quem representa, mesmo assim, resolvi publicar a sua poesia, pois acho que vale a pena ser divulgada...
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E ele me falou assim...
Com os olhos... Quase sem água!
Fixados em um infinito
Como se fora pro nada
Que estivesse expressando!
... São Paulo chorando por água
Nordeste morrendo de sede
Desmatamento gerado
Por uma corja... Uma rede.

Desmatamento geral!

As nuvens que eram muitas
Deixaram junto ao azul
Uma fumaceira cinzenta
Nos cobre de norte a sul!

Nos rios com lama seca
Plásticos... Metais... Excrementos.
A relva antes existente
Morreu... levou junto o vento!

Solo seco, estorricado.
Pelo calor que assola
Leito dos rios vazio
As aves... Foram embora!

Sementes lançadas mortas
... Falta de água no chão!
Irresponsabilidade que gera
Morte e devastação.

Poluição sem controle
Pensaram só no “agora”
Se não tentarem acertar!
Extinção vem sem demora?
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sábado, 14 de dezembro de 2019

SOUSHENCHI - O HOMEM QUE VENDIA FANTASMAS

O Homem que vendia fantasmas
(Do "Soushenchi", século IV)
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Quando Sung Tingpo, de Nanyang, era ainda rapaz estava passeando certa noite quando encontrou-se com uma fantasma. Perguntou à aparição quem era e ela respondeu que era um fantasma. - "Quem é você ?" perguntou por sua vez o fantasma. Tingpo mentiu e respondeu - "Eu também sou um fantasma." O fantasma então quis saber para onde ele ia e Tingpo informou - "Estou a caminho para a cidade de Wanshih." - "Também vou para lá," afirmou a aparição. Assim puseram-se a caminhar juntos. Após uma milha, se tanto, o fantasma disse que era estupidez estarem andando ambos quando um podia carregar o outro, por turnos. - "ótima idéia," achou Tingpo. O fantasma pôs Tingpo às costas e depois de ter andado uma milha disse - "Você é pesado demais para um fantasma. Tem certeza de que é um fantasma mesmo?" Tingpo explicou que ainda era um fantasma novo e que, por conseguinte, ainda pesava um pouco. Tingpo, por sua vez, pôs-se a carregar o fantasma, mas esse era tão leve que tinha a impressão de não estar carregando nada. Assim foram caminhando, revezando-se, até que Tingpo perguntou ao companheiro qual era a coisa que metia mais medo aos fantasmas. - "Os fantasmas têm um medo horrível da saliva humana", afirmou o fantasma. Assim foram andando, andando até que chegaram a um rio. Tingpo deixou que o fantasma fosse adiante e observou que ele não fazia barulho algum ao nadar, mas quando ele entrou n’água, o fantasma ouviu o estalar na água e pediu-lhe uma explicação. Tingpo explicou novamente - "Não se surpreenda, pois ainda sou muito novo e não estou ainda acostumado a atravessar a correnteza." No momento em que se aproximavam da cidade, Tingpo começou a carregar o fantasma nas costas apertando-o fortemente. O fantasma pôs-se a gritar e a chorar lutando para apear-se, porém Tingpo o apertou com mais força ainda. Ao chegar às ruas da cidade, soltou-o e o fantasma se transformou num bode. Tingpo cuspiu no animal a fim de que não pudesse transformar-se outra vez, vendeu-o por mil e quinhentos dinheiros e foi para casa. Eis a razão do ditado de Shih Tsung: "Tingpo vendeu um fantasma por mil e quinhentos dinheiros."
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YUYANG TSATSU - A CINDERELA CHINESA

A CINDERELA CHINESA
(Do "Yuyang Tsatsu", século IX)
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Ao que se sabe, esta é a mais antiga história da Cinderela escrita no mundo. Cinderela é um dos contos folclóricos mais conhecidos em todos os países e dela têm sido coligidas, estudadas e comparadas pelos entendidos centenas de versões. Contudo, de acordo com o professor R. D. Jameson, autoridade em assuntos do longínquo oriente e que, bondosamente, correspondeu-se comigo sobre o caso: "A história (a versão que aqui vai) é anterior à mais antiga versão ocidental de Des Perriers em seu "Nouvelles Récréations et Iojeux Devis", Lião, 1558, cerca de uns 700 anos." A versão chinesa é tirada de "Yuyang Tsatsu", um livro de mágicas e contos sobrenaturais e de fundo histórico. outrossim, escrito por Tuan Ch'eng-shih que morreu em 863 da era cristã. A história lhe foi contada por uma velha serva da família que provinha de Yungchow (moderna Nanning) em Kwangsei, e que descendia dos povos das cavernas (aborígines) daquele distrito. Tuan era filho de um primeiro ministro e era letrado e em "Yuyang Tsatsu", deu disso vários exemplos: pesquisou certos contos populares indo encontrá-los até nos clássicos budistas, pois no século IX, as histórias sobrenaturais budistas eram bem conhecidas e populares na China. Entretanto esse conto provou ser de tradição oral. Existem versões siamesas bem conhecidas e Nanning fica bem perto da Indochina. Respondendo à minha pergunta sobre se essa versão podia ter vindo da Índia, o professor Jameson disse - "Tanto quanto lhe posso afirmar, e até onde vão meus conhecimentos, a mais velha versão impressa é chinesa. Sabemos muito pouco sobre os processos da imaginação humana e são incontáveis os lugares folclóricos do mapa asiático que ainda não foram completamente explorados para justificar, parece-me, muita especulação." O que nos fere nessa versão chinesa é que ela contém elementos de todas as duas tradições, eslava e alemã, na primeira das quais um animal amigo é o motivo principal e onde, na segunda, a perda do sapatinho num baile é o fato mais importante. A madrasta cruel e as filhas são comuns a ambas. – Lin Yutang.


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Certa vez, antes de Ch'in (222-206 a.C.) e Han havia um chefe das cavernas da montanha a quem os nativos chamavam chefe Wu. Ele se casou com duas mulheres uma das quais morreu deixando-lhe uma menina chamada Yeh Hsien. Essa menina era muito inteligente e habilidosa no bordado a ouro e o pai amava-a ternamente, mas, quando êle morreu, viu-se maltratada pela madrasta que seguidamente a forçava a cortar lenha e mandava-a a lugares perigosos para apanhar água em poços profundos.
Um dia, Yeh Hsien pescou um peixe com mais de duas polegadas de comprimento e que tinha as barbatanas vermelhas e os olhos dourados. Trouxe-o para casa e o pôs numa vasilha com água. Cada dia o peixe crescia mais e tanto cresceu que, finalmente, a vasilha não lhe serviu mais e a menina o soltou numa lagoa que havia por trás de sua casa. Yeh Hsien costumava alimentá-lo com as sobras de sua comida. Quando ela chegava à lagoa, o peixe vinha até a superfície e descansava a cabeça na margem, mas se alguém se aproximasse não aparecia.
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Esse hábito curioso foi notado pela madrasta que esperou o peixe sem que este lhe aparecesse. Um dia, lançou mão de astúcia e disse à enteada: - "Não está cansada de trabalhar? Quero dar-lhe uma roupa nova." Em seguida fêz Yeh Hsien tirar a roupa que vestia e mandou-a a várias centenas de li para trazer água de um poço. A velha, então, pôs o vestido de Yeh Hsien e estendeu uma faca afiada na manga da blusa; dirigiu-se para a lagoa e chamou o peixe. Quando o peixinho pôs a cabeça fora d’água, ela o matou. Por essa ocasião, o animalzinho já media mais de dez pés de comprimento e, depois de cozido, mostrou ter sabor mil vezes melhor do que qualquer outro. E a madrasta enterrou seus ossos num monturo.
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No dia seguinte, Yeh Hsien voltou e ao aproximar-se da lagoa verificou que o peixe desaparecera. Correu para chorar escondida no meio do mato e nisso um homem de cabelo desgrenhado e coberto de andrajos desceu dos céus e a consolou, dizendo: - “Não chore. Sua mãe matou o peixe e enterrou os ossos num monturo. Vá para casa, leve os ossos para seu quarto e os esconda. Tudo o que você quiser peça que lhe será concedido". Yeh Hsien seguiu o conselho e pouco tempo depois tinha uma porção de ouro, de jóias e roupas de tecido tão caro que seriam capazes de deleitar o coração de qualquer donzela.
Na noite de uma festa tradicional chinesa, Yeh Hsien recebeu ordens de ficar em casa para tomar conta do pomar. Quando a jovem solitária viu que a mãe já ia longe, meteu-se num vestido de seda verde e seguiu-a até o local a festa. A irmã, que a reconhecera virou-se para a mãe dizendo: - "Não acha aquela jovem estranhamente parecida com minha irmã mais velha ?" A mãe também teve a impressão de reconhecê-la. Quando Yeh Hsien percebeu que a fitavam, correu, mas com tal pressa que perdeu um dos sapatinhos, o qual foi cair nas mãos dos populares.
Quando a mãe voltou para casa encontrou a filha dormindo com os braços ao redor de uma árvore; assim pôs de lado qualquer pensamento que pudesse ter sido acerca da identidade da jovem ricamente vestida.
Ora, perto das cavernas, havia um reino insular chamado T'o Huan. Por intermédio de forte exército governava duas vezes doze ilhas e suas águas territoriais cobriam vários milhares de li. O povo vendeu, portanto, o sapatinho para o Reino T'o Huan, onde foi ter às mãos do rei. O rei fêz as suas mulheres experimentá-lo, mas o sapatinho era cerca de uma polegada menor dos das que tinham os menores pés. Depois fez com que o experimentassem todas as mulheres do reino sem que nenhuma conseguisse calçá-lo.
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O rei, então, suspeitou que o homem que o tinha levado o tivesse obtido por meios mágicos e mandou aprisioná-lo e torturá-lo. Mas o pobre infeliz nada pôde dizer sobre a procedência do sapato. Finalmente, emissários e correios foram enviados pela estrada para irem de casa em casa a fim de prenderem quem quer que tivesse o outro sapatinho. O rei estava muito intrigado.
A casa foi encontrada, bem como Yeh Hsien. Fizeram-na calçar os sapatinhos e eles couberam perfeitamente. Depois ela apareceu com os sapatinhos e o vestido de seda verde tal como uma deusa. Mandaram contar o caso ao rei e o rei levou Yeh Hsien para seu palácio na ilha juntamente com os ossos do peixe.
Assim que Yeh Hsien foi levada, a mãe e a irmã foram mortas a pedradas. Os populares apiedaram-se delas, sepultando-as num buraco e erigindo um túmulo a que deu o nome de "Túmulo das Arrependidas". Passaram a reverenciá-las como espíritos casamenteiros e sempre que alguém pedia-lhes uma graça no sentido de arranjar ou ser feliz em negócios de casamento tinha certeza de que sua prece era atendida.
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O rei voltou à sua ilha e fêz de Yeh Hsien sua primeira espôsa. Mas durante o primeiro ano de seu casamento, ele pediu aos ossos do peixe tantos jades e coisas preciosas que eles se recusaram a conceder-lhe mais desejos. Por isso o rei pegou os ossos e enterrou-os bem perto do mar, junto com uma centena de pérolas e uma porção de ouro. Quando seus soldados se rebelaram contra ele, foi ter ao lugar em que enterrara os ossos, mas a maré os levara e nunca mais foram encontrados até hoje. Essa história me foi contada por um velho servo de minha família, Li Shih-yüan. Ele descendia de um povo chamado Yungchow e sabia de muitas historias estranhas do sul.
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