A PRINCESA TECELÃ E O PASTOR DOS REBANHOS
CLÁUDIO
SETO
Criada há 4 mil anos e inspiradas nas estrelas
Vega (Orihime) e Altaria
(Altair), a lenda conta a história do amor eterno da Princesa Tecelã
e do Pastor de Rebanhos.
"Era uma vez, uma única vez na história,
no tempo da formação do Universo. Soberano Celestial (Ten no Ô) ainda estava
atarefado em confeccionar estrelas e dependurá-las no firmamento, para brilhar
durante a noite. Também as nuvens ainda estavam sendo tecidas e, esta tarefa
cabia à bela filha do Soberano Celestial, a princesa Tanabata Tsume. Ela sabia
como ninguém, fazer as mais tênues tramas de tecido e justamente por isso, era
conhecida como Orihime, a princesa tecelã. Dia após dia, ela trabalhava sem
parar em seu tear. Dele saiam tecidos tão leves e diáfanos, tão finos e
maleáveis, que seu pai os dependurava no céu entre as estrelas, por vezes
deixando-os cair em pregas até quase tocarem a Terra. Hoje damos a estes
tecidos o nome de nuvem, névoa e cortina de nevoeiro, conforme a densidade.
Inteiramente absorvido pela tarefa de formar
o céu, o Soberano Celestial orgulhava-se muito da habilidade da filha e a ajuda
de Orihime era muito valiosa. Porém um dia, ele percebeu que a Princesa Tecelã
estava pálida. E disse:
- Filha, tens trabalhado tanto que bem
mereces um pouco de descanso. Hoje estás dispensada de tecer, e podes folgar o
dia inteiro. Aproveita para visitar o Amanogawa. Mas não te esqueças de voltar
ao trabalho amanhã, pois ainda necessito de delicadas cortinas de nevoeiro para
as manhãs de primavera, e porção de nuvens brancas para o verão.
Orihimi sentiu-se muito feliz. Há muito tempo
desejava caminhar descalça em Amanogawa - o rio celeste, conhecido no sul da
margem oposta(brasil) como Via Láctea, e divertiu-se despreocupadamente. Mas
até então não lhe sobrava tempo para isso.
A Princesa Tecelã, vestiu seu mais belo kimono e, correu dançando por entre as estelas do Rio Celeste. No meio da Via Láctea avistou, no meio da correnteza estrelar, um belo jovem com chapéu de caipira, banhando um boi.
A Princesa Tecelã, vestiu seu mais belo kimono e, correu dançando por entre as estelas do Rio Celeste. No meio da Via Láctea avistou, no meio da correnteza estrelar, um belo jovem com chapéu de caipira, banhando um boi.
-Quem é você, ó bela donzela? -Perguntou o
jovem vaqueiro.
- Sou a estrela Tanabata Tsume, filha de Ten
o Ô, o Soberano Celestial, mas me chamam de Orihime, a Princesa Tecelã, respondeu
ela. Também sou conhecida no Hemisfério Sul da Via Láctea com o nome de estrela
Vegas.
- Meu nome estrelar é Altair, o vaqueiro, mas
no Extremo Oriente da Via Láctea me chamam de Hikoboshi - se apresentou o
pastor de gado.
Daquele encontro casual começou a brotar um
sentimento de felicidade, nunca antes sentido por Orihime. Os jovens se
divertiram muito, brincando de pega-pega, rindo e correndo no Rio Celeste. Depois
a convite do Vaqueiro, Orihime concordou em visitar a casa dele.
Hikoboshi ajudou a princesa montar no boi, e
conduziu-a através da Via Láctea em direção ao Hemisfério Sul, seu lar. Lá
chegando, se divertiram muito, dançando juntos no prato celeste. Tamanha era a
felicidade da princesa que esqueceu completamente as recomendações do pai, e os
dias se passaram.
Preocupado com a demora da filha, o Soberano
Celestial ficou desesperado. Chamou uma garça e mandou fazer uma busca, encarregando-a
de dizer à princesa que voltasse o mais depressa possível ao Palácio Celeste. A
garça avistou a princesa dançando na margem oposta da Via Láctea, e deu-lhe o
recado. Porém, Orihime, estava tão feliz, divertindo-se como nunca que não deu
ouvidos ao pássaro mensageiro.
Cansado de esperar e muito zangado pela
desobediência da filha, o Soberano Celeste foi buscá-la pessoalmente:
- Não destes ouvidos às minhas palavras! -
disse o deus do espaço celeste - olha o céu! Ainda falta muito trabalho a ser
feito, e ficas aí com namoricos, quando precisamos de nuvens, névoas e cortinas
de nevoeiro. Portanto, não poderei mais dispensar-te do trabalho. Tens que
voltar ao palácio e continuar a tecer.
E o Soberano Celeste despejou grande volume
de água estrelar no Rio Celeste. Então a Via Láctea que era um lago, porém raso
que se podia atravessar a pé, foi transformado em um rio caudaloso, tantas eram
as águas de estrelas que a divindade celeste havia despejado.
Como a princesa Tanabata e o vaqueiro Altair
moravam em margens opostas do Rio Celeste, ou seja, hemisférios opostos da Via
Láctea, não havia meio de se encontrarem mesmo às escondidas. Portanto a
princesa voltou melancolicamente para junto do tear no Palácio celeste. Porém, sentia-se
tão solitária, e com tanta saudade de Altair, que não conseguia mais tecer. Ficava
apenas sentada e chorando incessantemente. Ela havia descoberto que era mais
feliz no pobre casebre rural do vaqueiro do que no suntuoso palácio de seu
divino pai.
No hemisfério sul, a estrela Vaqueiro Altair,
também morria de saudades e passava o dia tocando a sua sanfona e cantando: Olé,
mulher rendeira, Olé, mulher rendá... Tu me ensinas a fazer renda, que eu te
ensino a namorar... O vento levava a canção até ao Palácio Celeste, que
aumentava a saudade da princesa. De tanto chorar, as nuvens que restavam no
céu, desmancharam em forma de lágrimas e despencaram na terra em forma de chuva.
O Soberano Celestial ficou desesperado porque
com o volume de chuva caindo, iniciaram-se as inundações na Terra, enquanto,
que no céu as nuvens foram desaparecendo. Então ele procurou afilha e disse:
- Por favor, minha princesinha, pare de
chorar. Necessitamos tanto de nuvens, névoa e cortinas de nevoeiro para manter
o equilíbrio da natureza. Por outro lado, se você continuar chorando vai causar
um dilúvio universal, e não restará um só vivente na terra para contar a
história. Vamos fazer um acordo e acabar com essa greve. Você volta a tecer com
diligência e eu te concedo um dia livre por ano para ver o vaqueiro celeste.
Tais palavras devolveram a alegria à
princesa, e ela retornou com entusiasmo ao trabalho. E desde então nunca mais
parou de tecer. Mesmo sabendo que no futuro a princesa poderia requerer mais
dias de folga, o Soberano Celeste cumpriu fielmente sua promessa. Uma vez por
ano, na semana dos imigrantes japoneses, ele envia mil garças(senba tsuru) para
o rio Celeste.Com suas asas, elas formam uma ponte sobre as águas estrelares
profundas.
Trajando um rico kimono, Orihime atravessa a ponte das Mil Garças e corre alegremente para a margem oposta ao encontro do seu amor Altair, o fiel vaqueiro, que a aguarda ansiosamente.
Trajando um rico kimono, Orihime atravessa a ponte das Mil Garças e corre alegremente para a margem oposta ao encontro do seu amor Altair, o fiel vaqueiro, que a aguarda ansiosamente.
Ambos se sentem radiantes por poderem ficar
juntos durante um dia e uma noite. Dizem que um dia estrelar equivale a uma
eternidade terrestre. Por isso o amor dos dois é eterno....."
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